Rejeição ao golpe de Estado na Bolívia
A COORDENAÇÃO LATINO-AMERICANA DA ASSOCIAÇÃO LATINO-AMERICANA DE MEDICINA SOCIAL E SAÚDE COLETIVA (ALAMES) DIANTE DOS ACONTECIMENTOS OCORRIDOS NO ESTADO PLURINACIONAL DA BOLÍVIA:
ALAMES LATIN AMERICA, expressa sua mais enérgica condenação ao opróbrio golpe de Estado realizado pelas forças mais reacionárias, obscurantistas, racistas e antidemocráticas organizadas, dirigidas, financiadas e treinadas por setores oligárquicos bolivianos em convivência com a direita empresarial vinculada especialmente à empresas transnacionais que cobiçam seus recursos naturais, principalmente o lítio.
O golpe visa desestabilizar o Estado plurinacional, tornando possível a interrupção do desenvolvimento, a implementação do neoliberalismo, a exploração excessiva e a apropriação imperialista de seus recursos naturais, como estão tentando fazer na Venezuela, assim como vêm fazendo na Colômbia, Chile, Brasil e em geral em toda a América Latina. Rejeitamos o retorno do exílio, perseguição, sequestro e assassinatos como instrumentos para aproveitar o que não conseguiram ganhar na consulta eleitoral.
O escárnio, a tortura, a humilhação, a destruição e o saque dos bens pessoais e materiais daqueles que têm ou tiveram um mínimo de identificação com o processo boliviano foram amplamente documentados e repudiados pela comunidade internacional, sendo apenas uma amostra do servilismo e racismo daqueles que hoje se tornam carrascos dos povos indígenas originários e das classes populares do campo e das cidades.
A ALAMES condena especialmente o papel da Organização dos Estados Americanos (OEA), que se comportou servilmente na emissão de um relatório destinado a estimular e alimentar as forças golpistas. Os vândalos também foram fortalecidos pela traição da Polícia e das Forças Armadas, que se blindaram em uma falsa e covarde “neutralidade” para não manter a ordem, mas, ao contrário, estimular saques e violência por parte das hordas fascistas.
A ALAMES, ao mesmo tempo em que repudia esse reiterado comportamento antidemocrático e belicista da OEA em função dos interesses geopolíticos dos Estados Unidos, a responsabiliza perante a Bolívia e o mundo pela vida e integridade física do povo boliviano e de seus líderes. O presidente boliviano Evo Morales, pelo bem da saúde e da vida dos bolivianos, expressou claramente em sua última mensagem: “… renunciamos, para que parem de assassinar mais pessoas humildes e irmãos e irmãs bolivianos nas ruas”
A ALAMES também mostra o silêncio cúmplice da Comissão Interamericana de Direitos Humanos e Michele Bachelet, que ignoraram completamente a barbárie contra os povos indígenas na Bolívia, como fizeram com o assassinato e a expropriação dos povos originários na Colômbia, dos povos amazônicos na Amazônia brasileira e das massas populares chilenas que lutam incansavelmente contra as medidas de austeridade impostas pelo FMI e aplicadas por Piñera e pelo Partido Comunista. os governos que o precederam.
Diante dessa situação, a ALAMES conclama a comunidade internacional a se solidarizar com o povo boliviano e suas organizações, a expressar sua preocupação e exortar a presença de organizações humanitárias internacionais que zelam pelos direitos humanos. Exige o fim dos sequestros, detenções ilegais, perseguições, saques e todo tipo de violência desencadeada sob o olhar cúmplice da polícia e das forças armadas. Apela à construção urgente de mecanismos de diálogo para o restabelecimento da paz e da ordem que possibilitem o regresso ao Estado de direito e às conquistas económicas, sociais, políticas e culturais; Democracia Participativa e a salvaguarda da segurança, saúde e vida dos bolivianos.
COORDENAÇÃO LATINO-AMERICANA DA ALAMES